domingo, 28 de outubro de 2012

O amor, o Id, o Ego e o Superego

Assisti a uma palestra na última sexta-feira, muito boa por sinal, onde a conclusão que cheguei foi de que nada é por acaso mas tudo é consequência de uma escolha. A gente sempre tem dois caminhos a escolher. Às vezes escolhemos caminhos que nos levam a bons resultados, às vezes não... Mas como saber qual caminho escolher? Como diz Dona Nair, minha mãe, basta amor e bom senso. Fácil né!? Nem tanto....
Vamos por partes então: primeiro o amor. Ahhh o amor!!! Sentimento bom, que deixa a gente mais feliz, de bom humor, que faz a gente sentir coisas estranhas como um friozinho na barriga e nosso coração perder o ritmo. O amor é bom, acho que a gente que o estraga com sentimentos menores como o ciúme e o sentimento de posse. 
Como não sentir isso? Bom, primeiro a gente tem que fazer uma coisa bem difícil (para alguns): gostar da gente, se amar. Nem tanto que a gente não consiga amar mais nada, nem tão pouco que a gente não seja capaz de se respeitar. Freud disse que a nossa mente possui duas partes básicas, consciente e inconsciente, e os comparou a um iceberg, onde o consciente é a parte que fica na superfície, superficial, e o inconsciente, a parte maior do iceberg, fica suberso. 
(Antes de prosseguir devo adverti-los de que a mente humana não é a "minha praia", nessa área sou mais curiosa do que estudiosa. Então o que vou falar é mais para que vocês possam entender as escolhas que temos do que uma aula de psicanálise. A aula eu deixo para minha amiga Cely Oliveira, que é quem entende melhor do assunto.)
Voltando ao Freud, mais tarde ele reavaliou essa distinção, porque rever nossos conceitos sempre é legal*, e propôs os conceitos de id, ego e superego além de dividir a consciência em três níveis.
Resumindo, bem resumido:
"Id: fonte de energia psíquica e o aspecto da personalidade relacionado aos instintos.
Ego: aspecto racional da personalidade responsável pelo controle dos instintos.
Superego: o aspecto moral da personalidade, produto da internalização dos valores e padrões recebidos dos pais e da sociedade." (Psicoloucos. Disponível em: http://www.psicoloucos.com/Psicanalise/id-ego-e-superego.html)
Os três níveis da consciência são: consciente, pré consciente e inconsciente e, como mostra a figura ao lado, Ego e Superego possuem partes submersas, "escondidas", e partes que mostramos, enquanto o Id fica submerso. O consciente é o que percebemos diariamente, nossos pensamentos, nossos atos. A parte difícil é que tudo o que a gente pensa e escolhe conscientemente tem influência do que está submerso também, afinal é tudo uma coisa só, mas a gente não tem consciência disso. 
Id é o instinto, o "eu quero". O Ego é o racional "como fazer para obter". E o Superego é o controle desses dois, pra gente não fazer besteiras do tipo magoar pessoas ou cometer atentado violento ao pudor, por exemplo. O Superego é então a nossa parte que tenta ser aceita e amada pelos outros. 
Todas as nossas experiências de vida também influenciam nas nossas escolhas. Ou como diz o velho ditado "gato escaldado tem medo de água fria". Quem já se magoou por ter sido traído tem maiores possibilidades de confiar menos nas pessoas, por conta da experiência negativa vivenciada. Isso pode ser tão instintivo quanto o não colocarmos a mão no fogo porque sabemos que queima, mesmo quando nunca colocamos, pois alguém em quem a gente confia muito (geralmente a mãe da gente) disso isso. Então nem sempre precisamos vivenciar "na carne" alguma coisa para achar que ela pode ser uma boa ou má escolha.
Algumas vezes, acreditamos que não somos bons o suficientes, não somos bonitos o suficiente ou que não merecemos algo devido a alguns "conselhos" ou comentários que ouvimos de outras pessoas, pessoas que confiamos, pessoas significativas. O que temos que fazer em primeiro lugar é um exercício diário de autoconhecimento. Pergunte-se quem você é, do que você gosta e do que você não gosta. Não vale responder o que está na superfície, tem que mergulhar e dar uma espiadinha na parte submersa. Vou logo avisando: a água é gelada e incômoda! Mas vale a pena!!!
Resolvidas estas questões entenda seu "Id": o que você quer? O que te faz feliz? 
Como a "conversa" é só com você, seu Superego pode ficar quietinho só um pouquinho, tipo alguns segundos. Sente-se na cama, logo de manhã, e pense um pouco nisso. E depois "coloque os outros dois (Ego e Superego) "pra trabalhar" e tente ser feliz. À noite, antes de dormir, avalie seu dia, reveja suas escolhas e suas opções. Você fez o melhor por você? Você cuidou bem de você durante o dia?
Se você consegue se cuidar direitinho, já está na hora de pensar em cuidar do outro, amá-lo, respeitando-o e principalmente se respeitando.
Agora vamos para a parte menos complicada, depois de resolver a primeira parte, lógico!
O bom senso se resume em avaliar opções e escolhas, ou como me ensinou Dona Nair "não faça para os outros o que você não gostaria que fizessem com você".
Outra coisa importante é ter a certeza de que somos responsáveis somente por nossas escolhas. Não mudamos ninguém! A mudança verdadeira vem sempre da nossa vontade de nos modificarmos. Eu posso ajudar alguém a resolver um problema, fazer uma escolha, mas NUNCA poderei escolher por esse aguém! É impossível...
Como somos seres sociáveis e gregários, preceisamos da aprovação e afeto dos outros. Mas não podemos nunca esquecer quem somos, do que gostamos e o que queremos. 
Assim podemos escolher melhor, com amor e bom senso!
Um beijo bem grande!
Boa semana!
Ne
*isso é o que eu acho...

sábado, 8 de setembro de 2012

Pessoas são insubistitíveis

Não conseguimos repor o lugar de alguém em nossas vidas, cada pessoa que passa deixa sua marca. Cada pessoa é a junção de milhares de pequenos detalhes. Não! É maior ainda, é a soma de muitos e diversos pequenos detalhes. O modo como olha, como sorri, tudo é sempre único, porque cada pensamento, cada palavra, cada gesto é composto por uma infinidade de pequenos e diversos detalhes. E isso me facina!!!
Me fascina tanto que acredito ser o motivo de eu me entregar tanto, de corpo e alma, a cada novo amor e de sofrer tanto ao final de cada um deles. Sinto falta da composição original de cada um, sinto saudades da primeira carta de amor que recebi (e a única, diga-se de passagem), do primeiro beijo à luz do luar, do primeiro beijo no bailinho da casa de um amigo, do primeiro beijo num barzinho. Cada primeiro de cada um... Sinto uma saudade louca da risada, do olhar sério, das bobagens, de rir até passar mal, de ouvir música no quarto, de beijar desesperadamente.
O mais interessante de tanta saudade, é que o tempo não volta, e mesmo que haja um reencontro, não será mais igual, porque os meus pequenos detalhes não são mais os mesmos, nem os dele... 
Não que eu acredite que nós mudamos muito, a idéia principal é que a gente se aperfeiçoe com o passar dos anos e com a experiência que a vida nos dá. O conhecimento que a gente tem do mundo vai mudando, mas, algumas vezes, seguimos "imunes" a esse conhecimento, nunca completamente, mas mudamos muito pouco, aprendemos apenas o superficial. 
Pessoas são insubistituíveis e o tempo não volta, nada será exatamente igual como é agora, inclusive nossas lembranças. Nosso cérebro, para nos proteger de traumas e coisas afins, apaga as nossas lembranças ruins. 
Assim sendo, aqui fica minha dica, viva o agora da melhor forma possível, sinta, divirta-se, ame, chore, dê gargalhadas, sorria e aprenda com cada pequeno detalhe, pois o hoje é único!
Beijocas,
Ne

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Nada em mim, oras


 

Não estranhem meu relato, ele será completamente incomum. Não que eu não seja uma pessoa comum, considero-me até normal demais. Mas dentro dessa normalidade, às vezes, escolho caminhos desinteressantes. Vejam vocês que acabo de me encontrar com minha esposa. Quer dizer, ela não é mais minha esposa. Ela estava com os olhos brilhando, cabelos arrumados e com um sorriso lindo. Talvez se soubessem a história, teriam raiva de me ver tão passivo diante dessa imagem: eu deveria estar aborrecido ao vê-la tão grandiosa e feliz. Mas quer a verdade? Estou feliz por ela, pelo encontro marcado; pelo que ela fará de sua vida que nunca ousou fazer comigo.

Estávamos brigando. Ela pediu um tempo. Tempo é desculpa para pensar nas possibilidades da separação, nunca nas alternativas da reconciliação. O tempo só estaria ao meu favor se, de repente, ela descobrisse mais desvantagens em me largar do que ficar comigo. Ela descobriu coisa pior: descobriu que poderia amar. Por isso tão belo sorriso, tanta juventude; tanta beleza. As mulheres quando amam ficam irresistíveis.  Ela estava muito bem, a pele brilhando. Cheirosa. Eu sempre gostei de mulheres cheirosas. Nem mais, nem menos. O bastante. Ela passou por mim, fingiu não ter me visto. Ambos isentos em nossa relação.

Eu sei que uma hora iremos conversar. Iremos discutir como as coisas chegaram ao ponto desse desencontro. Brigamos muito, talvez. Em vários momentos nos perguntamos: será o fim? Eu relutava, inibia; suava. Não durava muito nossa implicância mútua, mas a volta sempre era estranha; se perdia alguma coisa. Será o fim? Eu nunca perguntei isso diretamente, olhando nos olhos. Nem ela nunca fez isso também. Tínhamos medo da resposta. Tínhamos medo do que nós não sentíamos. Sabíamos que o recomeço era difícil, e passamos a recomeçar todos os finais de semana. E suspeitávamos o final da história. Será o fim?

Então, decidimos nos afastar. Aquela conversa sobre continuar a amizade, continuar o carinho. Vinte anos não se joga fora, pior do que isso. Carregamos o tempo como um peso, um anexo; um apêndice doentio. Ela e eu, caminhando separados;  mas com a idéia um no outro. Mas era a melhor coisa: cada um para seu lado, cada lado incompleto. Era uma noite em que estávamos entediados: cinema, restaurante e a sala de estar; tudo vazio. Pessoas nos atropelavam; distanciavam-nos. Não andávamos de mãos dadas. Quero comer uma pizza, mas vou sozinho. Foi nossa última noite juntos, a chaga do arrependimento.

Ela estava bonita, iria encontrar seu novo namorado. Não sei quem ele é, nem quero saber. É compreensível que seja melhor do que eu, pelo menos para ela. Eu pergunto: “Eu posso falar com você?” . Ela responde: “Eu te ligo, hoje estou ocupada”. Eu preciso pegar minhas roupas, a minha pasta de couro. Preciso olhar para você e decidir que realmente está tudo acabado. Sento-me na praça, você foi embora. “Ele é bonito?”. Que interessa, oras.  “Eu te espero, quando você decidir que tem um tempo para mim”. E as pessoas no mundo passando, a praça ficando vazia.

Solitário? Perdi você, mas foi por muito tempo. Não perdi você agora que desistimos um do outro, perdi você desde nosso primeiro encontro. Fui perdendo sem perceber. Você me afundando no cotidiano, eu te levando junto comigo. Preciso de alguém para me desenterrar desse buraco. Será o fim? Você passa bonita, alegre. Terá o encontro com o namorado novo? Não me sorri, não diz absolutamente nada. No ciúme, ainda tardio, se descobre que a paixão não era de verdade. Era uma posse qualquer, mas não era amor. Nós nos amamos um dia, sabia?

Não, não volte. Não encontrarei em você nada de mim. Sinta-se completamente livre. A sua liberdade também me liberta. Será o fim? Estamos em caminhos opostos. Você está bem, não? Eu me sinto bem também. Mas o meu bem estar é por você, desnecessariamente. Eu deveria estar brilhando, feliz e sorrindo em meu novo encontro; mas tenho certeza que continuamos mais uma vez incompletos.

Será o fim?


sexta-feira, 15 de junho de 2012

Almas gêmeas e almas companheiras

A gente vive falando ou ouvindo falar sobre essa tal de alma gêmea. Mas o que seria exatamente isso?
Bom, aqui vão as minhas considerações acerca deste tema:
Alma gêmea é uma alma com muitas afinidades com a sua, mas não necessariamente é do sexo oposto. Pode ser sua melhor amiga (ou seu melhor amigo), um parente, alguém que passou pela nossa vida. E o melhor disso tudo é que não temos apenas uma, podemos ter mais! São pessoas que compartilham a vida e as experiências com a gente, que nos deixam felizes quando tudo parece perdido, que nos aconselham, nos dão broncas, que estão ao nosso lado já há algum tempo, ouso dizer que há algumas vidas/encarnações. 
E como reconhecê-las?
Bem, pode ser simples. É aquela pessoa que sabe exatamente o que você quer apenas com um olhar, que "fareja" quando você precisa de uma palavra amiga e te liga, sem você dizer nada. É uma conexão forte, muito maior do que a gente consiga entender.
E essa tal de alma companheira?
Bom, eu considero que alma companheira é quase igual a alma gêmea, com um detalhe a mais, é aquela pessoa que te acompanha, que está ao seu lado, que traz confiança, que coloca um sorriso no seu rosto só de pensar que ela existe e que você chama de "meu amor"! É aquela pessoa que "te procura" pelo mundo e que você também espera reencontrar.
Ou será que é o contrário???
bjks
Ne
Veja mais em:
http://www.luzdegaia.org/uriel/jennifer/chama_gemea.htm
http://www.amordealmas.com/2009/02/teoria-das-almas-gemeas-emmanuel.html

quinta-feira, 14 de junho de 2012

O dia em que me apaixonei no emprego


 

Vou ser sincero: estava sem nada no bolso. Sabe aquele sujeito que procura emprego há meses? Era eu. Num dia eu recebo uma ligação. Era a secretária da encarregada de recursos humanos. Ela soube através de um amigo de um amigo que eu estava procurando emprego. Não me importei com esse detalhe, estava contente com a hipótese do fim da vadiagem. Não que ser vagabundo seja uma coisa ruim.  Então, ela começou a dizer que tinha um horário na parte da manhã do dia seguinte para uma entrevista. Aceitei. Disse as qualificações: sujeito proativo, inteligente; hábil em espanhol e inglês. Todas essas coisas mais do que básicas de qualquer novo empregado. Aceitei. Quis dizer, no entanto: “Se eu tivesse todas as qualidades que vocês procuram, com certeza não estaria desempregado”.

Manhã seguinte: melhor perfume, melhor roupa; fiz a barba.

Entro na sala. Uma sala toda marrom com móveis antigos. Disseram-me que eu devia esperar alguns minutos que a Dona Angélica iria me atender. A sala vazia, ar condicionado ligado. Infinitos doze minutos de espera. Dona Angélica? Deve ser feia. Feia mesmo, sem piedade. Ela entraria por aquela porta com uma cara horrível de quem sente dores infinitas do parto. Sofreria de cólicas? Será que ela irá me entrevistar mesmo sentido dores? E o tempo passa lentamente. Ela deve usar óculos. Deve usar uma roupa ridícula. Comecei a odiar Dona Angélica, mesmo sem conhecê-la. Estou com sede. Não posso beber água, não posso pensar em me levantar daqui. O que ela pensaria quando entrasse na sua sala e me visse zanzando de um lado para o outro?

Ela entra.

Não era feia, possivelmente não sofria de cólicas; mas usava óculos. Cabelos pretos soltos, um perfume maravilhoso; olhos verdes claros. Meu coração bate mais forte: era amor. Com um sorriso simpático ela me cumprimenta. Senta-se na minha frente. Todos ficam admirados com sua beleza? Pensei comigo mesmo. Como posso responder qualquer coisa séria com essa mulher na na minha frente? Não sei espanhol, mas posso cantar uma música do Luis Miguel. Cala a boca! O que você está pensando? Música do Luis Miguel é coisa de acabar com qualquer relacionamento. Mas não é um relacionamento, oras. Vim apenas para uma entrevista de emprego! “No existe un momento del dia en que pueda apartarme de ti, el mundo parece distinto, cuando no estás junto a mi”. Não serei contratado.

Faz algumas perguntas, de praxe.

Angélica – posso te chamar assim, né? – Bom, eu preciso muito desse emprego, mas a questão é que agora eu preciso mais de você. Emprego tem uma porção, e alguns pedindo qualidades que se pareçam mais com meu perfil. Mas uma pessoa como você, isso tenho certeza que é difícil encontrar. Então, vamos deixar de lado o emprego e vamos conversar sobre o que realmente interessa. Pode até ser que você, daqui alguns minutos, sinta a mesma coisa que eu estou sentido. Eu não me apaixono fácil, mas quando isso acontece; pode ter certeza: farei de tudo para que você se sinta feliz. As mulheres não procuram dinheiro num cara, nem qualquer outra coisa que não seja felicidade: o que te fará feliz? “Contigo aprendi, que existen nuevas y mejores emociones, contigo aprendí, a conocer un mundo lleno de ilusiones.” Conhece? É Luis Miguel.

Não disse nada disso.

Ela queria um sujeito com qualidades infinitamente maiores do que eu tinha. Não tivemos uma conversa informal. Ela me acompanhou até a porta e me disse que iria responder sobre o processo seletivo assim que terminassem as entrevistas. Saia azul, um corte modesto; mas sensual. Decote sensual para o seio modesto. Queria trabalhar aqui, mas o salário não era tão importante. Ela aperta o botão para chamar o elevador. Seu perfume, seu sorriso e os dentes brancos.

Adeus, Angélica.


segunda-feira, 7 de maio de 2012

Manda quem tem juízo

Ando de metrô frequentemente. Todos os dias: faça chuva ou sol. Nessas minhas andanças já vi de tudo, ou quase tudo. Pois bem, um fato tem chamado minha atenção. A idéia de que o mundo anda mesmo mudado. Homens e mulheres, juntos e separados. Por agora pretendo apenas falar do assunto de forma simplista, homem e mulher como conhecemos há milênios. Sei lá, deve haver homossexualidade desde os primórdios, mas não sei muito sobre esse assunto. Assim, por mais que eu queira falar sobre todas as relações amorosas possíveis e imagináveis, meu mundo e minha visão e (imaginação) ainda é heterossexual. Básico, majoritário e histórico.

E na relação entre homens e mulheres, propriamente dita; as coisas também andam se invertendo. Já deixei meu recado aqui para os homens alfa e os betas. Sentimental, rude; machista e feminista. Os homens se transformaram de acordo com a demanda. As mulheres queriam homens mais participativos em atividades que antes eram consideraras “coisas de mulher”. Não existe mais isso: balela ultrapassada. Homem passa a camisa, lava a louça e leva o filho para escola. Não todos; é claro. Mas uma grande parte. Homem chora com novela, se emociona com uma música de filme de comédia romântica e vibra com o herói ou a heroína de qualquer história. As novelas, companheiras de nossas avós, hoje são comentadas por marmanjos barbados nos botecos (hoje é maneira de dizer, esse fato já é bem conhecido dos sociólogos há décadas).

Enfim, voltemos ao metrô.

Estava eu tirando aquele cochilo da tarde dentro do metrô. A viajem é longa, dá para sonhar. O som do metrô também  é propício para uma soneca. De repente eu vejo chegando um casal. Eram casados. Sentam-se lado a lado. Conversam alguma coisa, o homem ri. Ficam em silêncio alguns minutos. Ele pega um livro e abre, ela faz a mesma coisa. Eu sou muito curioso sobre a literatura alheia. Sempre que posso dou uma bisbilhotada em algum parágrafo, título e autor. Nesse caso pude ver apenas a capa. O que ela estaria lendo? Zíbia? Mulheres adoram Zíbia. A Guerra dos Tronos? Outra adoração feminina. E ele? A biografia de Steve Jobs? Ou coisa do gênero? Que nada: ela estava com Tropa de Elite e ele Ame o que é seu.  Não estudo teoria literária, tampouco teoria dos leitores, mas algo ali me pareceu muito esquisito.

Teriam trocado o livro sem perceber? A sonhadora mulher estaria lendo o livro que estava na mão dele, o realista homem lendo o que estava com ela? Homens são sanguinários e violentos ainda? Mulheres são sonhadoras? Meus parâmetros se perderam, eu acho. No mundo de hoje, o que parece tão normal para uns é conversa fiada de conservadores para outros. Não sou nenhum conservador, mas parei no tempo dessa história. Homens e suas características se foram, assim como as características das mulheres. E se pensarmos num prognóstico para o futuro, existe uma forte tendência para o erro. O ser humano continua sendo um ser imprevisível.

Não sei se é uma tendência. Talvez seja uma marca de nosso tempo. Homens e mulheres em atividades tão próximas: a rudez de um motorista de caminhão e a leveza de um fisioterapeuta. O que antes tinha uma demarcação no tempo e espaço, como sendo coisa de mulher; hoje flutua no cotidiano masculino: Leve, livre e solto. Por outro lado, as cercas de um terreno lamacento, como sendo coisas de homem; hoje recebe pequena semente florida das mulheres.  Ainda temos limites do meridiano “coisa de homem” e “coisa de mulher”, mas diferente de outras épocas, há cada vez mais um intercâmbio entre os lados opostos, num grande e variável onda de gestos, gostos e ações. Ser homem e ser mulher não está mais determinado por critérios tão pequenos do cotidiano, mas por disposição afetiva, sexual ou conchinha no sono numa noite fria.

Chegamos à estação onde eles deveriam descer. Ela se levanta primeiro, ele acompanha. Mais do que a literatura como indicador daquele casal, determinadas ações também mostram quem realmente manda. E diferente do que nós, homens, imaginávamos; a mulher sempre mandou na relação.

O problema é que agora elas não fazem a menor questão de esconder isso.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Love yourself- C. Chaplin

Quando me amei de verdade, compreendi que em qualquer circunstância, eu estava no lugar certo, na hora certa, no momento exato. E então, pude relaxar.Hoje sei que isso tem nome... Auto-estima.
Quando me amei de verdade, pude perceber que minha angústia, meu sofrimento emocional, não passa de um sinal de que estou indo contra minhas verdades. Hoje sei que isso é...Autenticidade.
Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento.Hoje chamo isso de... Amadurecimento.
Quando me amei de verdade, comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar alguma situação ou alguém apenas para realizar aquilo que desejo, mesmo sabendo que não é o momento ou a pessoa não está preparada, inclusive eu mesmo.Hoje sei que o nome disso é... Respeito.
Quando me amei de verdade comecei a me livrar de tudo que não fosse saudável... Pessoas, tarefas, tudo e qualquer coisa que me pusesse para baixo. De início minha razão chamou essa atitude de egoísmo.Hoje sei que se chama... Amor-próprio.
Quando me amei de verdade, deixei de temer o meu tempo livre e desisti de fazer grandes planos, abandonei os projetos megalômanos de futuro.Hoje faço o que acho certo, o que gosto, quando quero e no meu próprio ritmo.Hoje sei que isso é... Simplicidade.
Quando me amei de verdade, desisti de querer sempre ter razão e, com isso, errei muitas menos vezes.Hoje descobri a... Humildade.
Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de preocupar com o futuro. Agora, me mantenho no presente, que é onde a vida acontece.Hoje vivo um dia de cada vez. Isso é... Plenitude.
Quando me amei de verdade, percebi que minha mente pode me atormentar e me decepcionar. Mas quando a coloco a serviço do meu coração, ela se torna uma grande e valiosa aliada. Hoje eu sei que assim é a vida!


AS I BEGAN TO LOVE MYSELF... I found that anguish and emotional suffering are only warning signs that I was living against my own truth. Today, I know, this is “AUTHENTICITY“.
As I began to love myself I understood how much it can offend somebody as I try to force my desires on this person, even though I knew the time was not right and the person was not ready for it, and even though this person was me. Today I call it “RESPECT“.
As I began to love myself I stopped craving for a different life, and I could see that everything that surrounded me was inviting me to grow. Today I call it “MATURITY“.
As I began to love myself I understood that at any circumstance, I am in the right place at the right time, and everything happens at the exactly right moment, so I could be calm. Today I call it “SELF-CONFIDENCE“.
As I began to love myself I quit steeling my own time, and I stopped designing huge projects for the future. Today, I only do what brings me joy and happiness, things I love to do and that make my heart cheer, and I do them in my own way and in my own rhythm. Today I call it “SIMPLICITY“.
As I began to love myself I freed myself of anything that is no good for my health - food, people, things, situations, and everything the drew me down and away from myself. At first I called this attitude a healthy egoism.Today I know it is “LOVE OF ONESELF“.
As I began to love myself I quit trying to always be right, and ever since I was wrong less of the time. Today I discovered that is “MODESTY“.
As I began to love myself I refused to go on living in the past and worry about the future. Now, I only live for the moment, where EVERYTHING is happening. Today I live each day, day by day, and I call it “FULFILLMENT“.
As I began to love myself I recognized that my mind can disturb me and it can make me sick. But As I connected it to my heart, my mind became a valuable ally. Today I call this connection “WISDOM OF THE HEART“.
We no longer need to fear arguments, confrontations or any kind of problems with ourselves or others. Even stars collide, and out of their crashing new worlds are born. Today I know THAT IS “LIFE“! 


(Charlie Chaplin, April 1959)


terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Não parece fácil e não é.



Ontem eu fiquei olhando para você. Não era o corpo presente, o perfume e os olhos brilhando. Não era você em corpo, talvez em alma. Mas era você em lembrança. Das mais fantásticas e terríveis lembranças. A sua foto colorida. Retrato no molde infinito da história. Nele você estava sorrindo como não era difícil sempre encontra-la. Não sei o motivo da sua tanta alegria. Não seria o tempo em que estávamos começando nossa despedida? Não lembro direito e é melhor nem lembrar. Lembro o sempre o que me convêm, o que me excita e o que me alegra.

Então, você estava sorrindo. E o dia era de inverno. Você está com frio. Não há imagem que não possa ser analisada. E o delírio ganha contornos dramáticos em cada passo longo que eu dou na trajetória da foto. Saímos daquele lugar e fomos para onde? Fomos jantar comida japonesa? Não gosto de comida japonesa, mas você adorava. Fomos numa pizzaria, lembro bem. Você com frio, você sorrindo e eu não me importando com nada daquilo. Se eu te perdesse naquele dia? Estaria chorando hoje a sua ausência? Mas você não foi embora. E aquilo que achava que não era amor, era. Numa confusão tamanha na minha cabeça. Homens não amam, homens são cruéis e homens são fortes. Mentira!

Não parece fácil chorar, mas estou chorando.

Numa tentativa dramática de te recuperar, arranco o retrato da estante e abraço no peito. Quem está me vendo agora para eu sentir tanta vergonha? Não existe ninguém na sala. Nem quem compartilhe a bebida, que vá buscar gelo; que reclame de mim um pouco. Ando com saudade de sua reclamação: da minha calça desalinhada e do meu jeito esquecido. Ando mais esquecido ainda: que dia você decidiu ir embora? Não importa, nem conserta. O remédio amargo é a perda, o valor daquilo que não é mais. Você indo embora virou outra história em minha vida: virou minha derrota.

Não parece fácil, mas homem também chora.

Lembra das flores que te dei? Comprei de um sujeito chamado Asdrúbal. Lembro sempre do nome, pois é o único Asdrúbal que conheço. Sujeito sincero. Disse que era um erro comprar flores toda semana. Disse que você iria reparar em mim apenas quando me esquecesse. Pelo sim, pelo não; nunca deixei faltar flores, mas nem sempre toda semana. E quantas vezes eu fiz isso em nosso namoro? Conto nos dedos, mas não mostro a vergonha da palma. Acabou nosso namoro por causa das flores? No retrato você está sorrindo tanto, onde estivemos todos esses anos? Você recebeu minhas flores?

E você sorrindo. Acho que foi o dia do casamento. Não, engano. No dia do casamento você estava nervosa. A ansiedade nos tira as melhores passagens da vida. Se não estava sorrindo, mesmo assim não posso afirmar que estava triste. A música você quem escolheu: as flores dentro da igreja, as lembranças para os convidados. Tudo estava de acordo com o seu sonho, mas era apenas sonho, não é verdade? Nunca entramos naquela igreja e nunca mandamos os convites de casamento. Aquele dia na foto eu disse que queria casar com você. Mas tenho certeza: na foto o seu sorriso aconteceu antes de mostrar as alianças.

Homens não devem pensar em casamento, dá um azar danado.

Hoje deixaria tudo para você: a escolha, as decisões e a tentativa dramática do casamento. Hoje eu viveria como um boêmio, nas ruas trombando com as prostitutas mal vestidas e com perfume barato que elas gostam de usar. Eu usaria o botão da camisa aberto, coisa que você odeia. Só não quero cultivar o bigode, anda fora de moda. Levaria flores? Nunca. Algumas mulheres não merecem, não querem e não aproveitam. Mandaria um presente apenas no dia do aniversário, se eu conseguisse lembrar a data.

Hoje eu não pediria para você sorrir em nenhuma foto que eu tirasse: seu sorriso anda me trazendo péssimas lembranças.
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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Tudo o que eu preciso

Preciso das mesmas pessoas de sempre, daquelas que me sorriem sinceramente, aquelas que eu chamo de amigo. 
Preciso de uma janela para o mundo onde eu veja as pessoas como elas são realmente, preciso da verdade e essa é uma necessidade urgente. Preciso da verdade num sorriso, nos gestos e nas palavras.
Preciso que as pessoas se importem mais com as outras, que percebam o ser humano especial que existe em cada uma delas, que se respeitem independente de raça, credo, partido ou qualquer outra coisa insignificante perto da grandeza do ser!
Preciso de um lugar que seja só meu, um lugar dentro de alguém. Já sei quem eu sou, já me encontrei, agora preciso "te" encontrar.... Preciso de alguém que me ouça com atenção, que me abrace, que se importe comigo.
Preciso de risadas sem motivos, de amor sem reservas, do conforto de um abraço.
Preciso do mundo!

sábado, 28 de janeiro de 2012

Eu e o amor


Passei por uma fase bem difícil nos útlimos.... hmmmmm... Cinco anos! É! Cinco anos vivendo uma agonia, uma tristeza e sem saber o que causava. Como qualquer ser humano que se encontra em estado de luto culpei outras pessoas. Não que elas não tivessem culpa, mas o meu maior erro foi culpá-las e pronto. Não parei para pensar no que eu estava "perdendo", no motivo do meu luto. Com o tempo percebi que não me sentia bem comigo mesma. Eu já não gostava muito de mim... Eu tinha me perdido. Eu já não sabia mais quem eu era, já não achava mais graça na minha risada nem no meu modo espalhafatoso de ser, eu tinha vergonha de quem eu sou. Cheguei a dizer mais de uma vez que o amor não era para mim...
Eu sou, parafraseando Rita Lee, "uma doce pimenta", doce mas ardida. Sou daqueles tipos de pessoa que quando uma alguém que eu amo* me ligam chorando eu corro pra casa dela ou a recebo na minha casa, consolo e tento dar o meu melhor, o que nem sempre é muito agradável, pois sou sincera. Mas verdade cada um tem a sua! Mordo e assopro! 
Enfim, estava eu nesse turbilhão de sentimentos, gostando cada vez menos de mim. Engordei. Perdi o interesse por muita coisa, me separei e me senti a verdadeira personificação do fracasso. Estava tão mal que qualquer elogio que eu recebesse me fazia chorar. Lágrimas de gratidão por alguém gostar de algo em mim, já que eu mesma não conseguia gostar de mais nada. Nesse interim comecie a tentar agradar aos outros, ansiosa por uma migalha de admiração... Esperava que as pessoas a minha volta me dessem o que eu havia perdido, que elas fizessem o que eu esperava que elas fizessem!
Mas Deus colocou em meu caminhos muitos anjos, que eu carinhosamente chamo de amigos. São pessoas com estilos e modos de pensar bem diversos, mas cada um, a seu modo, me ajudou a sair desse "quarto escuro" chamado depressão. Amigos são anjos, os verdadeiros amigos, aqueles que não medem as palavras para tentar te ajudar, por mais doída que seja a verdade. Assim sendo lhes sugiro que vocês os tratem como merecem, como anjos que, às vezes, precisam de anjos. Alguns desses anjos eu ainda falo todos os dias e vejo todos os fins de semana, outros eu converso pela internet e alguns deles eu já não converso mais. Um deles, Deus sentiu falta e o buscou para ficar ao lado Dele de novo. Outro eu afastei... Fui mais ardida do que doce com esse anjo... Mas tivemos momentos maravilhosos que eu jamais esquecerei!
Certo dia, em uma de nossas muitas conversas, ele me disse que sabia como eu me sentia, que já tinha passado por isso, que a fase mais doida já tinha passado e que em breve eu me sentiria bem novamente. Gostaria de poder dizer a ele que finalmente eu me encontrei! Mas não me parece mais possível isso...  Enfim! Precisei de muito tempo, dois namorados "nada a ver", magoar demais alguém que eu amo muito e uma viajem para descobrir que a única pessoa que vai passar o resto da minha vida comigo, a pessoa que eu tenho que amar antes de qualquer outra coisa ou pessoa e que eu tenho que agradar sou EU. Isso mesmo: EU. Nada narcisista, apenas um fato. Se eu não conseguir me amar como outras pessoas vão me amar? Como eu vou conseguir amar outras pessoas? Como vou dar o melhor de mim se eu não reconheço o que há de bom em mim? 
Então resolvi, depois de longos e arrastados 5 anos, ter uma intensa relação de amor comigo mesma! Resolvi me amar. E meu sorriso voltou a brilhar! E as pessoas notam! Passei a tratar melhor as pessoas, a sorrir mais para todos. Sou capaz novamente de assistir um filme sozinha em casa, na sexta-feira à noite e me divertir de verdade, com direito às minhas famosas gargalhadas. Sou feliz por ser quem eu sou, estar onde estou e com quem estou, seja uma amiga ou a minha gata. Não tenho mais a necessidade de passar horas em sites de relacionamento procurando companhia pois eu voltei a gostar da minha própria companhia. É ÓBVIO que não dispenso uma balada ou uma tarde com as "meninas"! Apenas decidi gostar de tudo o que a vida me oferece! Permiti a mim mesma ficar apaixonada pela minha vida e tudo o que vem com ela! Hoje aconteceu um fato interessante enquanto eu estava assistindo um filme: de repente apareceu um lindo homem, arquiteto dinamarquês! Se isso não for piada do destino não sei o que é! E se é piada eu só poderia rir! E eu rí muito!
Então aqui ficam as minhas dicas: 
NÃO IMPLORE AMOR pois esta é a forma mais humilhante de mendicância, conforme disse Carlos Drumond de Andrade. 
CURTA-SE, permita sentir-se apaixonado(a) por você mesmo. Descubra a pessoa maravilhosa que você é! Passe mais tempo descobrindo o que você gosta, o que te faz feliz.
Desenho de Jo Fevereiro
DIVIRTA-SE, não importa o lugar ou a companhia. Não tem dinheiro pra balada? Mas um radinho você tem?! Então ligue-o e dance até cansar!
SEJA VOCÊ e o mundo lhe sorrirá! Mas não vale fazer de conta que está feliz, faça as pazes com você, permita-se! 
E AME! Ame todos e tudo, ame muito, pois este é o sentimento mais divino que existe! Reconheça o ser humano existente em cada um, reconheça que cada um de nós é um ser único, com experiências diversas de vida, com mais ou menos sofrimento e em fases distintas da vida. Alguns de nós aprendem com os erros, outros não.
NÃO CARREGUE O FARDO DE NINGUÉM, ajude-os a resolver os problemas, esteja presente, seja um ombro amigo, acolha, mas não tente resolver o problema dos outros pois é esforço em vão, a única pessoa capaz de resolver os meus problemas, meus medos e angústias sou eu mesma. Eu só posso te ajudar a trilhar o caminho que você escolher.
Bjks,
Ne
*E são muitos amores: amigas, amigos, alunos, familiares (a família toda), meu filho, a lista é imensa e não cabe aqui!

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Em todo erro há um acerto

Dia tranquilo, eu e Bia sem muito o que fazer, ou melhor, com muito para fazer mas sem vontade de fazer nada. Sentadas, olhando para o preto da TV desligada, resolvemos escrever. Falei da minha incrível sucessão de erros no caso "Missão Impossível" e ela me sai com essa: todo erro tem um acerto.
Mas, como saber se erramos mais do que acertamos antes de estar no fim?
Toda vez em que você erra, você aprende com a experiência vivida. Você aprende quando você visualiza seus atos e consegue perceber onde acertou e onde errou e o que fazer para não errar novamente. É preciso uma auto avaliação, coisa nada fácil. Os pensamentos devem estar pautados em atos, fatos e consequências e não sentimentos. Esfriar a cabeça antes de tomar uma atitude.
Ok... Eu não costumo fazer muito isso... Mas, confiem em mim, é melhor pensar antes de fazer. Pensar com tranquilidade e racionalidade. Razão acima da emoção nesta situação de erros e acertos.
Errar é bom, nos ensina, quando estamos dispostos a aprender. Eu estou na minha terceira ou quarta chance e cometi os mesmos erros. Não da mesma maneira, mas na essência. É preciso estar aberto, aprender tudo, o quanto vamos aprender é importante. Mas nunca será na primeira vez que vamos acertar. Às vezes precisamos do mesmo erro em situações diferentes para que possamos assimilar a melhor conduta, pois nem sempre estamos prontos na primeira ou segunda chance.
Enfim, vivendo e aprendendo.
Beijos
Ne e Bia

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Cupido de casa não faz milagres


É tão difícil dar certo. Mas vamos tentar, não é mesmo? Ontem mesmo tive a experiência do improvável. Longe de mim a história, mas acabei participando; sem querer. Então estava lá o meu amigo, olhando para o nada; para a noite. Dizem que ele é aluado, mas eu não acredito. Ele estava sem rumo, sem vontade; sem desejos. Eu disse que a pior coisa na vida de um homem era ficar sem qualquer desejo. Ele sorriu, fingiu que não era com ele. Amigo, vou dizer uma coisa, ou você casa ou sua vida vai virar um inferno. E dizem tão mal sobre o casamento, pensei que fosse o contrário: inferno é casar.

Não, não pense assim; meu amigo. Requer prática, habilidade e uma dose de paciência. A medida depende de cada casal: alguns dizem que a paciência é a única solução para o casamento. Eu perguntei para ele, enquanto ele olhava para o teto: Você é um sujeito paciente? É que eu tenho uma amiga, que está devidamente solteira; que se interessou por você. Mas sabe como é? Ela não tem paciência com pessoas sem paciência. Então ele riu e continuou olhando para o teto. Paciência? Perdeu quando sai do ventre.

Não ia dar certo.

Mas eu sou astuto, quase cupido. Não dei o menor valor para a impaciência dele. Eu tinha esperança em sua melhora. Fui até a garota, que também olhava para o teto. Uma coisa boa em comum já é um começo daqueles. Falei novamente aquele embaraçoso negócio de paciência e coisa e tal. Pasmem! Ela também não tinha nenhuma paciência. Mas não me preocupei com isso, tudo estava devidamente ajustado. Meu amigo ficando com minha amiga, fim da solidão de ambos; que me incomodavam nas noites quentes de verão e nos domingos entediados de inverno.

Os olhares se encontraram, amor sempre é assim. Dane-se a paciência. Dane-se qualquer habilidade nos relacionamentos afetivos. Ele parou de olhar para o teto, ela também. Conversaram por intermináveis duas horas. A festa se esvaziando. Não quero mais beber, nem comer; nem dançar. Quero logo saber se posso ir para minha casa. Quem me dera ter um amigo agora, que mentisse coisas sobre mim. Meus amigos já se foram. As amigas me conhecem bem: elas não querer se apaixonar por mim. Terrível casar comigo, tenho certeza.

Os dois conversando. Papo longe de acabar um dia. Papo e mais papo. Começa o namoro. Já dizem que sou padrinho de casamento. Padrinho da relação. Quanta honra. E namoro vai e vem o noivado. E com o noivado mais esperanças. E com esperanças os filhos. Casamento marcado. E longos anos. Bodas? Sim. Bodas. Eu ali, sempre presente; sempre disposto; sempre aparando as longas discussões sem paciência. Sou um pouco culpado, verdade. Mas que honra ver os filhos, ver os netos e assim por diante.

Hoje sou eu quem olha para o teto, impacientemente.

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