Os homens estão desmoralizados, mas vamos ser sinceros: não é só culpa deles. É claro que eu não quero me indispor com um espaço tão feminista, mas a realidade é uma coisa que não pode ser colocada debaixo do tapete. A história é longa, espero não ser penoso até a conclusão. Dizer o que se pensa abre qualquer opção de dizerem o que se pensa de você: espero não contentar todo mundo, mas apenas ser compreendido no meu ponto de vista. Longe de qualquer pictografia filosófica ou moral; nas paredes da história apenas a fotografia de uma observação humana e incondicional: não servirei de herói nem para feministas, nem para machistas.
Exatamente por essa isenção de privilégios, digo que não apenas os homens são culpados. Pode até existir um tempo, no cronograma da história, em que o homem pensou ser dominante da situação sexual e afetiva. Às mulheres restava apenas a migalha da atenção. Eis que elas exigiam não apenas o normal, mas a intensa consideração dos homens. Por isso, naquela época, eram tão ciumentas, possessivas e neuróticas. Os homens, em seu instinto mais primitivo (não disse que eles têm razão), davam motivos para as mulheres o rotularem como seres “imprestáveis”. Homens não prestam! Moralmente falando.
Mas as mulheres mudaram. Graças à evolução da espécie elas mudaram! Darwin ficaria fascinado se pudesse comparar a mulher de ontem e a mulher de hoje. As mulheres dirigem a vida, governam; mandam. As mulheres de hoje são mais ativas e mais agressivas do que as de ontem. Agressividade não tem qualquer relação com violência, mas com atividade. As mulheres sempre foram poderosas, pela sedução; dessa vez querem ser poderosas pela “masculinização”. É nesse ponto que as coisas complicam: há uma linha muito estreita na modernização da mulher entre ser a “mulher” atividade e ser o “homem” em passividade. Mulher e homem são conceitos humanos ultrapassados, mas ainda compreendem um papel extraordinário em seu aspecto metafísico.
Nesse papel transcendental a “mulher-atividade” de hoje ainda tem certas influências da “mulher-passividade” de ontem: querem carinho, colo e admiração. Mas não querem essas ações de modo digital, querem ainda em modo analógico. Um homem que chama uma mulher para jantar e pede para repartir a conta faz dois papéis: o cavalheirismo de outrora com homogeneidade de agora. Os direitos iguais da revolução sexual não predizem maus-trados às mulheres, mas uma igualdade de condições.
Abrir a porta do táxi: cavalheirismo. Ambos trabalharem: igualdade. Elas saírem com as amigas: isonomia. Todos os conceitos das relações modernas têm intrínseca a mentalidade da harmonia. Não tanto ao céu, nem tanto a terra. A “gentilidade” do homem, em tantas ações de um verdadeiro cavalheiro; deve obedecer à critérios modernos da relação. Alguns se esforçam nesse sentido, mas parece que as mulheres, algumas, ainda não entenderam a profundidade da mudança que elas programaram para suas existências.
A mulher não pode cobrar do homem que ele ainda tenha o romantismo do passado. Os seres não são mais os mesmos. O carinho, a compreensão e a tolerância continuam com seus conceitos clássicos; mas o cavalheirismo caiu por água abaixo nas últimas décadas. Como eu disse, dividir a conta do restaurante, ou trocar as responsabilidades no ambiente doméstico é o novo padrão da relação entre homem e mulher. Mas não apenas isso: assim como a mulher deixou (ou nunca foi o sexo frágil), é possível que a fragilidade ganhe novo aspecto para homens e para mulheres.
Assim, o geral que diz que “nenhum homem presta” não tem a observação de que “alguns homens prestam”. A generalização oprime e inibe a boa conduta dos homens, que podem estar à espreita nos bares, restaurantes e “baladas” esperando que a “nova mulher-atividade” não o transforme no bode-expiatório de uma relação de séculos. A harmonia da nova relação, que distribuiu melhor os direitos também aguarda o que se cumpram os deveres.
Os homens reais ficam nervosos na presença de uma mulher: podem não saber como e até onde elas são “ativas”. Em compensação as mulheres continuam histerias: o homem tão próximo e tão atraente pode ser o retorno do passado zombeteiro. Homens e mulheres se atraem, mas este teme o presente, esse repulsa o passado.
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Tempos difíceis. Estamos perdidos. Os conselhos de papai e titio sobre o dito sexo frágil não são mais aplicáveis. Não sabemos mais aonde nos encaixamos nessa história toda. Devemos abrir a porta do carro? Dividir a conta? Sei lá. O que era cavelheirismo vira, em alguns casos, coisa de macho ultrapassado. Verdadeiro campo minado. Todo primeiro encontro vira uma entrevista de emprego com aquele pessoal de RH. São tantos detalhes, tantas circustâncias, variantes e possibilidades que esquecemos, às vezes, do que deveria ser o principal, ou seja; a mulher. Meu amigo, se eu contar algumas situações que eu já passei nessas ocasiões o espaço aqui será pequeno. E olha que eu ainda me considero um dos homens que ainda prestam.
ResponderExcluirPois agora... Eu quero alguém para somar, me mimar e ser mimado. Carinhos e gentilezas... É só o que eu quero! Mas devo ter o "dedo podre" pra escolher homens... E sinto sim o medo que eles parecem ter de se aproximar... Fazer o que? Não fui eu a dona da revolução!
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