sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Eu, minha neurose e minha baixa auto-estima

Eu sou um tipo de pessoa a qual, na maior parte do tempo, as pessoas querem ter por perto. Na outra parte do tempo sou chamada de louca...
Eu tento agradar a todos e sempre tento mostrar a quem eu amo o quanto essa pessoa é importante pra mim, seja dormindo no chão pra que ela possa dormir no conforto da minha cama, seja ficando até 3h da manhã numa delegacia porque o carro da pessoa foi roubado, ou passando noites em claro na sala de espera da uti. Sou o tipo de pessoa capaz de aparecer  de madrugada na casa de uma outra pessoa apenas para lhe pedir desculpas pelo modo como me portei, só pra mostrar o quanto ela é importante pra mim. Sou capaz de gastar todo o dinheiro que eu não tenho mandando entregar flores em uma data especial e, nessa mesma data, encher a pessoa de presentes. Só pra mostrar o quanto ela é especial.
E essa é a parte que algumas pessoas gostariam de ter por perto.
Fonte da figura: http://lh6.ggpht.com/_b30UdsnDMA8/TWz-hP-VopI/AAAAAAAADOI/GQAMQAptJ_Y/cisne-negro1_thumb.jpg?imgmax=800
A parte que é chamada de louca e que ninguém quer ter por perto é a parte que acredita que os outros farão o mesmo por mim. É a parte que fica esperando o interfone tocar depois de uma briga tarde da noite e dorme chorando porque ninguém tem tão baixa auto-estima a ponto de se rebaixar e bater na porta de alguém que acabou de terminar com você. Só eu tenho. E me frustro porque não sou capaz de avaliar o outro sem olhar através de mim, porque crio expectativas irreais sobre as pessoas. Acredito que farão coisas que jamais passou pela cabeça delas fazer... Valores e cultura moldam nossas ações. Não é culpa do outro se ele não atendeu uma expectativa sua e que você não informou a ele.  O que é importante pra mim pode não ser pra você e é aí onde começam as diferencas e os conflitos.
Não era capaz de avaliar o outro até agora. 
Estou começando a entender que é preciso que eu não vá invadir o espaço do outro no meio da noite, que só gaste o que eu tenho e, principalmente, que eu não espere mais do que o outro pode me oferecer.
Estou procurando uma forma de olhar o outro como ele se mostra, sem espelhar nele o que sou para que eu não espere das pessoas coisas que elas nunca pensaram em fazer.
Por enquanto decidi que vou usar apenas o dinheiro que tenho pra comprar um presente pra alguém, mas não sem antes satisfazer as minhas necessidades. Vou falar não quando não tiver vontade ou quando considerar que a proposta não é boa pra mim. Vou pensar mais em mim porque descobri, depois de 41 anos, que se eu não fizer isso ninguém vai fazer por mim.
Bom, pelo menos vou tentar com afinco.
Beijossss,
Ne

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