terça-feira, 22 de janeiro de 2013

O flit paralisante qualquer.


 

Hoje eu quero o silêncio. Um pouco, que seja. Sem barulho das pessoas, sem resmungo dos carros. Quero olhar um filme na televisão, sem som. Quero apenas imagens passando de um lado para outro. Mas quero imagens que não possam interagir comigo. Imagens estanques e frias. Imagens distantes e bonitas. Queria uma voz, mas minha voz é nula e vazia. Falo sozinho, às vezes. Mesmo que me olhem, respondam e argumentem; sei que estou sozinho. Não é brincadeira essa coisa da solidão, ela pode nos pegar em cheio mesmo quando estamos rodeados de pessoas. Pessoas amigas, conhecidas ou não.

Quero deitar no sofá e esperar o tempo passar. Mas sem perceber o tempo. Sem relógio funcionando. Os ponteiros parados. Em muitas ocasiões ele é meu inimigo, assim como calendário. Eles me dizem que as coisas continuam funcionando; que o mundo não parou; nem vai parar. Que não importa minha decisão agora, de continuar olhando para o nada (sem som), amanhã ou depois de amanhã tenho que voltar ao trabalho, encontrar as pessoas e conversar sobre o dia-a-dia. Mas não há nada de novo nelas, nem em mim; continuam insinuando a vida; especulando a felicidade; esperando pelo fim do mundo.

O fim do mundo virou tema freqüente em minhas memórias, só me lembro dele no futuro. Qual o futuro? Sabemos o presente, tão discreto. Agora mesmo: o silêncio, a televisão e a ausência. A falta de tudo; falta de coisas para imaginar; falta de sonho. Sofro com a falta de sonho, com o futuro incerto.  E a bebida fica quente mais rápido, o gosto amargo na boca mais comum; a dor de cabeça quase diária. Quero o silêncio dos meus dias, um silêncio onde não possa ouvir mais a minha voz dizendo coisas que eu devo ou não fazer. Quero a imagem da improbabilidade, pelo menos nos  próximos minutos, enquanto o relógio e o calendário não mandarem na minha vida.

Entendo agora a bomba, o flit paralisante qualquer. Mas eu queria sair desse prático efeito, das minhas próprias frases feitas e das minhas noites imperfeitas. Sim, algum poeta disse isso com propriedade, e o poeta está vivo. E que poeta eu sou? Sou afinal um poeta? Poetas são monstros da carnificina humana, tediosos pelo cotidiano; liderados pelo desamor e pela derrota do ego. Mas poetas são construtores também, um legado da imagem linda, harmoniosa e deslumbrante do ser humano. O poeta enxerga amor na completa solidão, às vezes. E na escuridão, quando requer ser mais contundente, a luz da compaixão.

Mas hoje não quero ser poeta, que não sou. Nem quero ser qualquer coisa. Lembrando essa nossa conversa: hoje eu quero silêncio. E mais além agora nessa minha estadia no nada, quero também as imagens desligadas. Elas podem passar de um lado para o outro, podem fazer barulho; mas eu estarei do mesmo jeito, inacessível. O externo do mundo não me fará falta, mesmo que abunde. Nem o interno será presente; mesmo que sobre. Quero o nada revivendo todo o instante desses poucos segundos; entre o caminho do passado e o mapa do futuro. Quero agora mesmo restaurar as coisas, as devidas coisas em seus lugares.

E só assim, com esse renascimento, estarei pronto para a vida novamente. Só assim rasgarei o contrato, pedirei anulação das dívidas; retratarei minhas faltas. É preciso morrer simbolicamente para nascer na compreensão. É preciso esquecer que as coisas não estão como queríamos, para aprender que estão como deveriam. Essa opção pelo melhor caminho não é anulação, nem derrota; mas submissão. Submissão pode não ser algo pejorativo, mas de esperança e fé. A submissão da vida como a vida realmente é, simplesmente.

É por isso que hoje, tão rebelde e insubordinado, quero apenas o silêncio. 

domingo, 13 de janeiro de 2013

Falar é fácil....

"Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu" Chico Buarque
É... O começo dessa música me cai bem nos dias tristes. Ás vezes tenho dias tristes, chuvosos, onde acho que não vou encontrar meu grande amor da vida toda. Nesses dias me enfio numa "concha" de tristesa e autopiedade.
"Day Home Spa-DHS" ou um dia em que eu me cuido aqui em casa mesmo, com máscaras faciais, manicure e pedicure, banhos esfoliantes e outros mimos a minha própria pessoa costumam resolver o problema.
Mas hoje a chuva lá fora se somou à chuva aqui dentro e nem meu DHS deu certo...
Existem várias teorias sobre como a gente deve ser, que só é amado quem se ama, mas na verdade, o amor real e palpável faz muita falta no dia a dia. E não há fórmula ou remédio santo que dê conta de resolver isso. A gente não nasceu pela metade, mas sem amor se sente incompleto...
É... Se conselho fosse bom a gente não dava, vendia...
Bjks
Ne