terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Não parece fácil e não é.



Ontem eu fiquei olhando para você. Não era o corpo presente, o perfume e os olhos brilhando. Não era você em corpo, talvez em alma. Mas era você em lembrança. Das mais fantásticas e terríveis lembranças. A sua foto colorida. Retrato no molde infinito da história. Nele você estava sorrindo como não era difícil sempre encontra-la. Não sei o motivo da sua tanta alegria. Não seria o tempo em que estávamos começando nossa despedida? Não lembro direito e é melhor nem lembrar. Lembro o sempre o que me convêm, o que me excita e o que me alegra.

Então, você estava sorrindo. E o dia era de inverno. Você está com frio. Não há imagem que não possa ser analisada. E o delírio ganha contornos dramáticos em cada passo longo que eu dou na trajetória da foto. Saímos daquele lugar e fomos para onde? Fomos jantar comida japonesa? Não gosto de comida japonesa, mas você adorava. Fomos numa pizzaria, lembro bem. Você com frio, você sorrindo e eu não me importando com nada daquilo. Se eu te perdesse naquele dia? Estaria chorando hoje a sua ausência? Mas você não foi embora. E aquilo que achava que não era amor, era. Numa confusão tamanha na minha cabeça. Homens não amam, homens são cruéis e homens são fortes. Mentira!

Não parece fácil chorar, mas estou chorando.

Numa tentativa dramática de te recuperar, arranco o retrato da estante e abraço no peito. Quem está me vendo agora para eu sentir tanta vergonha? Não existe ninguém na sala. Nem quem compartilhe a bebida, que vá buscar gelo; que reclame de mim um pouco. Ando com saudade de sua reclamação: da minha calça desalinhada e do meu jeito esquecido. Ando mais esquecido ainda: que dia você decidiu ir embora? Não importa, nem conserta. O remédio amargo é a perda, o valor daquilo que não é mais. Você indo embora virou outra história em minha vida: virou minha derrota.

Não parece fácil, mas homem também chora.

Lembra das flores que te dei? Comprei de um sujeito chamado Asdrúbal. Lembro sempre do nome, pois é o único Asdrúbal que conheço. Sujeito sincero. Disse que era um erro comprar flores toda semana. Disse que você iria reparar em mim apenas quando me esquecesse. Pelo sim, pelo não; nunca deixei faltar flores, mas nem sempre toda semana. E quantas vezes eu fiz isso em nosso namoro? Conto nos dedos, mas não mostro a vergonha da palma. Acabou nosso namoro por causa das flores? No retrato você está sorrindo tanto, onde estivemos todos esses anos? Você recebeu minhas flores?

E você sorrindo. Acho que foi o dia do casamento. Não, engano. No dia do casamento você estava nervosa. A ansiedade nos tira as melhores passagens da vida. Se não estava sorrindo, mesmo assim não posso afirmar que estava triste. A música você quem escolheu: as flores dentro da igreja, as lembranças para os convidados. Tudo estava de acordo com o seu sonho, mas era apenas sonho, não é verdade? Nunca entramos naquela igreja e nunca mandamos os convites de casamento. Aquele dia na foto eu disse que queria casar com você. Mas tenho certeza: na foto o seu sorriso aconteceu antes de mostrar as alianças.

Homens não devem pensar em casamento, dá um azar danado.

Hoje deixaria tudo para você: a escolha, as decisões e a tentativa dramática do casamento. Hoje eu viveria como um boêmio, nas ruas trombando com as prostitutas mal vestidas e com perfume barato que elas gostam de usar. Eu usaria o botão da camisa aberto, coisa que você odeia. Só não quero cultivar o bigode, anda fora de moda. Levaria flores? Nunca. Algumas mulheres não merecem, não querem e não aproveitam. Mandaria um presente apenas no dia do aniversário, se eu conseguisse lembrar a data.

Hoje eu não pediria para você sorrir em nenhuma foto que eu tirasse: seu sorriso anda me trazendo péssimas lembranças.
.
.
.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Tudo o que eu preciso

Preciso das mesmas pessoas de sempre, daquelas que me sorriem sinceramente, aquelas que eu chamo de amigo. 
Preciso de uma janela para o mundo onde eu veja as pessoas como elas são realmente, preciso da verdade e essa é uma necessidade urgente. Preciso da verdade num sorriso, nos gestos e nas palavras.
Preciso que as pessoas se importem mais com as outras, que percebam o ser humano especial que existe em cada uma delas, que se respeitem independente de raça, credo, partido ou qualquer outra coisa insignificante perto da grandeza do ser!
Preciso de um lugar que seja só meu, um lugar dentro de alguém. Já sei quem eu sou, já me encontrei, agora preciso "te" encontrar.... Preciso de alguém que me ouça com atenção, que me abrace, que se importe comigo.
Preciso de risadas sem motivos, de amor sem reservas, do conforto de um abraço.
Preciso do mundo!